Estrutura da Cidade Administrativa ajuda tratamento de funcionário da COHAB

 
  Oswalney(à direita) recebe o carinho dos colegas
        no retorno ao trabalho- Foto: Pedro Gontijo

“Vou viver”. Foi na decisão expressa nesta curta frase que o agrimensor e funcionário da Cohab Minas, Oswalney Costa Galvão, 35 anos, se apoiou para vencer a leucemia e retomar suas atividades ao lado de sua família e, desde amanhã de ontem, ao lado dos colegas da Gerência de Patrimônio Imobiliário (GPI), da empresa. Para voltar ao trabalho, Galvão, como é chamado pelos colegas, tem a sorte de contar com o fato de a COHAB ter se transferido para a Cidade Administrativa, cuja infraestrutura possibilita que ele não se exponha ao sol – absolutamente contra indicado no tratamento de seu caso.

Na Cidade Administrativa o funcionário pode seguir rigorosamente as recomendações médicas feitas após o transplante de medula. A estrutura dos prédios e os túneis que fazem a ligação com o Centro de Convivência, suas diversas lojas e a praça de alimentação, tornaram realidade a vontade do funcionário de retornar à COHAB. A Intendência da Cidade Administrativa também cedeu uma vaga na garagem para o carro do funcionário – que é modificado para que a incidência de luz do sol seja a menor possível -, de modo que ele não precise se expor aos males que o contato com o sol pode lhe causar.
 
Esperança e luta

A história da luta de Galvão começou no dia 11 de setembro de 2007. Ele estava a serviço da COHAB, fazendo medições em uma fazenda em Conselheiro Lafaiete, quando, desde as 7 horas, sentiu um mal estar, que atribuiu a uma dor de garganta, segundo ele, uma constante. Lá pelas 11 horas, o tempo fechou e começou a chover,  correu para o carro e, percebendo que a dor não acabava, aproveitou a pausa forçada para ir até o hospital local.

Lá, foi examinado por dois médicos e fez um exame que apontou um problema no sangue, que os médicos não sabiam dizer ao certo o que era. Porém, aconselharam que ele se internasse. Galvão se recusou, e preferiu voltar a Belo Horizonte e se internar no Hospital Felício Rocho.

Começava, assim, a sua batalha contra a doença, que durou 3 anos, durante os quais passou por três quimioterapias e seus efeitos colaterais, um transplante de células tronco: tudo encarado com muita força de vontade. Bem humorado, Galvão lembra que chegou a pesar 52 quilos durante o tratamento, ao passo que o seu peso normal era de 80 kg. Hoje, acha, contudo, que houve um lado bom nessa perda: “Pude recuperar o peso em casa com a comida da mamãe”.

A família e os amigos foram parte fundamental na recuperação de Galvão. “Eu queria voltar pra minha família, levar meus filhos ao colégio. Falava comigo mesmo, enquanto estava deitado naquela maca: Vou viver. Vou viver”. Esta atitude positiva e o bom humor foram a forma que encontrou para vencer a depressão e os efeitos colaterais causados pelos remédios. Efeitos esses que, para ele, viraram motivos de risos.

“Na primeira visita do meu filho mais velho Yan (hoje com 9 anos), perguntei pra ele:
 – Papai tá feio careca, assim? Ao que filho respondeu: – Tá mais bonito, pai”, conta Oswalney, gargalhando.

Outra ajuda fundamental veio em forma de livro. O amigo e professor na faculdade, Alceu Cotta Júnior, lhe presenteou com “O Segredo”, de Rhonda Byrne. “Esse livro me ajudou a ter uma atitude positiva e pensar sempre na recuperação. Quando você acredita, acontece”, diz.

Foi o irmão Neiwaldo Costa Galvão, 34 anos, quem fez a doação que viabilizou a recuperação de Galvão. Foram dois litros de células troncos que possibilitaram que o corpo de Oswalney recuperasse o sistema imunológico e fosse aos poucos se curando. “É um processo delicado. Foi preciso que minhas células tronco fossem mortas em um período de 7 dias, enquanto o corpo de meu irmão era estimulado a produzir mais células que me fossem doadas”.   

Encerrado essa fase do tratamento, Oswalney Galvão passou por um período de adaptação de 16 dias e, depois, por uma avaliação do INSS, que o liberou de vez para voltar a trabalhar. “É muito importante que eu esteja trabalhando de novo”, comemora.